Cansada da profissão, mulher inovou nos negócios e montou loja itinerante. Veículo de 1987 foi fabricado no Canadá e leva 'badulaques' pela Zona Sul.
Micro-ônibus
foi fabricado no Canadá e recebeu tratamento especial para ser loja
(Foto: Eduardo Guidini/G1)
Faltavam apenas dois anos para se aposentar quando a educadora Patrícia
Prado, hoje com 45 anos, resolveu dar um basta na correria da vida na
capital paulistana e começar do zero em Ribeirão
Preto (SP). Cansada da rotina das salas de aula, Patrícia resolveu
jogar tudo para o alto e tomar conta do próprio e curioso negócio: um
micro-ônibus cor-de-rosa, que quando deixa a garagem do condomínio onde
ela mora com a família, se torna uma loja itinerante lotada de
‘badulaques’, como a própria ex-professora e agora empresária chama as
canecas, as pantufas, os objetos de decoração e as roupas estilizadas
que vende.
A bordo do ônibus que roda a Zona Sul de Ribeirão, Patrícia atende uma
clientela refinada, que não poupa na hora de comprar mimos importados.
Um pen drive com a estampa de um personagem dos desenhos animados chega a
custar R$ 104 e uma simples caneca de café pode chegar a R$ 50.
De gente a badulaque
A loja sobre rodas começou a funcionar há um ano, mas a ideia levou quase três anos para ser colocada em prática. “Trabalhei 23 anos, ou seja, toda a minha vida na área educacional e cansei. Sempre pensava que, quando eu parasse, queria fazer algo bem diferente. Não quis fazer uma loja fixa, convencional, por causa dos horários do comércio e porque queria atender o público de uma forma especial, indo até o cliente. Então, meu marido sugeriu montar a loja em um ônibus”, conta.
A loja sobre rodas começou a funcionar há um ano, mas a ideia levou quase três anos para ser colocada em prática. “Trabalhei 23 anos, ou seja, toda a minha vida na área educacional e cansei. Sempre pensava que, quando eu parasse, queria fazer algo bem diferente. Não quis fazer uma loja fixa, convencional, por causa dos horários do comércio e porque queria atender o público de uma forma especial, indo até o cliente. Então, meu marido sugeriu montar a loja em um ônibus”, conta.
Até chegar às mãos de Patrícia, o micro-ônibus percorreu um longo
caminho e carregou muita gente. Fabricado no Canadá em 1987, ele foi
usado no transporte escolar de estudantes. Anos depois, foi importado
pelo Hospital de Câncer de Barretos (SP) para transportar crianças em
tratamento na unidade. Por fim, o veículo acabou sendo vendido para um
fazendeiro que o utilizava para levar trabalhadores rurais, até
finalmente ser transformado em loja.
O investimento Patrícia não revela, mas admite que os custos são
comparados ao valor de um apartamento novo. “Foi preciso contratar uma
empresa especializada para adaptá-lo. Foi um investimento pesado, e a
brincadeira acabou saindo cara. Trocamos o piso e a maior parte das
peças que tivemos que trocar é importada. Também precisamos contratar
uma equipe para cuidar da comunicação visual e estampá-lo de rosa”, diz.
'Já
disseram que eu estou brincando de casinha', diz Patrícia Prado (Foto: Eduardo Guidini/G1)
Estratégia - É a própria Patrícia, também vestida de rosa, quem assume a direção do
‘busão’ que vai levando, porta-retratos, bichos de pelúcia, enfeites, e
tantos outros badulaques pela Zona Sul, área nobre de Ribeirão. Nos
diversos pontos de parada, ela recebe no máximo três clientes por vez
dentro do veículo e dá um atendimento exclusivo. Produto a produto, ela
explica de forma minuciosa para quê serve cada artigo. “Estabeleci uma
meta de sempre ter ao menos 300 itens diferentes, 90% dos meus produtos
são importados. Procuro ter de tudo um pouco, para atender de A a Z”,
diz. Geralmente, o micro-ônibus cor-de-rosa fica estacionado em frente a
salões de beleza de alto padrão, condomínios de luxo e lojas de
decoração, locais onde, segundo a empresária, há clientes em potencial. A advogada Érica Tonani confirma a aposta de Patrícia. Ela havia
acabado de deixar o cabeleireiro quando entrou na loja itinerante parada
em frente ao salão. Érica, que já havia visto a loja, mas que nunca
havia a visitado, adorou a ideia. “O conceito itinerante é muito
criativo e muitas coisas que têm aqui na loja dela eu não encontro em
outros lugares. Amei a ideia", diz a advogada que saiu com a sacola
cheia de presentes para os filhos de 5 e de 8 anos, sem revelar o quanto
gastou com os badulaques.
Curiosidade - Em meio a tantos clientes curiosos, Patrícia se lembra de situações que
chamaram sua atenção. Uma delas é a de um rapaz de outra cidade que fez
compras para a mulher dele por uma chamada de vídeo pelo celular. “Ele
ligou para a mulher dele e disse: ‘você não acredita onde que eu estou’.
Aí ele ia virando a câmera do celular pela loja e mostrando tudo para
ela. A mulher pedia para ele ir parando em certos produtos, perguntando o
que era e dizendo o que era para ele comprar”, conta. Em outro episódio, a loja - de forma involuntária - quase causou um
acidente. “Uma mulher quase bateu o carro porque ficou olhando o ônibus.
Tem gente que não sabe que é uma loja e entra para ver o que é, ficam
horas olhando. Já me disseram várias vezes que parece que eu estou
brincando de casinha.”
Mas para a empresária, a lembrança mais memorável foi a de um idoso,
que se emocionou ao entrar no ônibus porque costumava ir para a escola
em um veículo parecido quando morou fora do Brasil. “Ele morou no
exterior e se lembrou das vezes em que andou em um ônibus como esse.
Quando ele entrou veio todo aquele saudosismo, histórias e mais
histórias.”
Clientes
se surpreendem ao entrar na 'auto-loja' de badulaques em Ribeirão
(Foto: Marina Sola/G1)
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