Em clima tenso e de muita gritaria e sem a presença de deputados do PT e PSOL, foram aprovados requerimentos de audiências públicas
A primeira
reunião da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH) da Câmara sob a
presidência do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi marcada
hoje (13) por protestos de manifestantes defensores dos direitos dos
homossexuais e negros, apoio de evangélicos ao pastor e por bate-boca
entre parlamentares. Em clima tenso e de muita gritaria e sem a presença
de deputados do PT e PSOL, foram aprovados requerimentos de audiências
públicas.
Antes mesmo do
início da sessão, manifestantes pró e contra o pastor Feliciano ocupavam
lugares na comissão. Na abertura dos trabalhos, deputados do PT
tentaram obstruir a sessão, mas não conseguiram. Com a maioria do
colegiado, os deputados da bancada evangélica deram seguimento à
reunião.
Pastor foi alvo de protestos dos próprios
integrantes da comissão. Foto: José Cruz/ABr
A todo instante, o deputado Marco Feliciano era
interrompido por gritos de ordem dos manifestantes contrários a sua
permanência na presidência da comissão. Por diversas vezes, ele ameaçou
retirá-los do plenário. “Aqui não tem laia. Respeitem para ter
respeito”, disse.
Sem
direito a palavra, o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), ex-presidente da
comissão, se dirigiu à mesa da presidência para protestar. Ele foi
acompanhado pelos também petistas Érika Kokay (DF) e Domingos Dutra
(MA). Nesse momento, houve troca de insultos e empurrões entre Dutra e o
deputado Takaiama (PSC-PR).
Os deputados Erika Kokay e Domingos Dutra protestam
contra Feliciano. Foto: José Cruz/ABr
“Esta comissão está inviável. Em 18 anos, ela foi
presidida por vários partidos e nunca houve tumulto. Vou me retirar em
protesto porque não lhe reconheço como presidente e o senhor me tolheu a
palavra a todo momento”, disse Nilmário Miranda. “Ele não está dando a
palavra para a gente”, reforçou Érika Kokay. A deputada disse que vai
apresentar requerimento para cancelar a reunião alegando que houve
desrespeito ao regimento.
Depois
da confusão, alguns deputados da bancada evangélica sugeriram a
suspensão dos trabalhos, mas o pedido foi negado por Feliciano. “Não
podemos suspender a votação. Tudo o que eles querem é obstruir”, disse.
O líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), pediu que
Feliciano abandonasse a presidência para restaurar a normalidade na
comissão, mas não foi atendido. “Essa comissão tem 18 anos e isso nunca
aconteceu. O que está acontecendo é a desmoralização da comissão”,
criticou.
Apesar dos
protesto e do clima tenso, o deputado Marco Feliciano permaneceu calmo e
deu prosseguimento à votação de requerimento. Ao todo, foram aprovados,
em votação simbólica, sete requerimentos propondo diversas audiências
públicas. Ontem (12), a pauta da comissão previa a votação de
requerimentos considerados polêmicos, entre eles o plebiscito sobre o
casamento civil de pessoas do mesmo sexo e a aplicação de penas para
crimes praticados contra heterossexuais.
No final da reunião e cercado por seguranças da Câmara,
o pastor Feliciano ironizou os protestos contra ele cantando o trecho
de uma música. “É normal isso [o protesto]. [A reunião] foi muito melhor
do que esperava. Conseguimos votar todos os requerimentos, com itens
que tratam dos direitos do povo, das crianças”, disse Feliciano.
Perguntado por jornalistas sobre o clima na comissão,
Marco Feliciano se disse otimista para que as animosidade diminuam.
“Espero que eles se acalmem nos próximos dias. Vamos conduzir da melhor
maneira possível. Pedi a todos uma chance e estou disposto a fazer o
melhor na condução dos trabalhos.”
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