terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

COOPERCUC é um caso de sucesso em meio a seca, POR OHARA GRECE

Vº Festival do Umbu da Coopercuc - Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Curaçá e Uauá - constituída em 2004 e com raízes que remotam o trabalho missionário de três freiras

Retirada dos umbus, um a um, preservando a planta centenária do sertão da Bahia
  No último final de semana aconteceu em Uauá, cidade situada ao Norte do Estado, o Vº Festival do Umbu da Coopercuc - Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Curaçá e Uauá - constituída em 2004 e com raízes que remotam o trabalho missionário de três freiras, as quais iniciaram um movimento de conscientização sobre a cultura do umbu, a necessidade de preservação do tupi guarani Ymb-u, a centenária árvore que dá de beber, e que tem múltiplos aproveitamentos além da tradicional umbuzada com leite e do ato de chupar a fruta, em sí.
Com esse trabalho foi se criando uma nova cultura nessa região pobre do estado, com comunidades rurais que sobrevivem do pastoreio de cabras e bodes, da mineração rudimentar, do cultivo familiar de plantas tradicionais - milho, feijão e mandioca - e que sofre bastante com as freqüentes estiagens. O umbu, cuja safra vai de dezembro a abril, nativo, resistente, e que aceita o sol como uma dádiva para ficar ainda mais formoso, mais bonito e produtivo, tornou-se um elemento agregador de outros produtos nutritivos e com valor agregado.
   Daí nasceu a Coopercuc com 45 associados e foi ganhando espaços em feiras com apoio da Slow Food com suas geléias, doces e compotas já diversificado com banana com maracujá, manga e goiaba. É, certamente, a cooperativa mais bem sucedida  na agricultura familiar da Bahia, hoje, atuando em 18 comunidades de vários municípios envolvendo 450 famílias e a produção da Linha Graveto de exportação para países da Europa, de doces cremosos, de corte, light, geléias, compotas e polpas, com produção consolidada de 200 toneladas para mercados interno e externo.
   O Festival é o espelho, a vitrine, de vendas e de difusão das ações do cooperativismo. É algo de uma dimensão muito forte com apoio dos governos municipal, estadual e federal, da Petrobras, BNB, CAR, Sebrae, outras cooperativas, mídia local, associações de proteção e preservação da caatinga, grupos ambientalistas e de artesanato, numa dimensão que reúne em torno de mais de 20 a 30 mil visitantes nos três dias do evento, numa cidade que dista 450 km da capital e situa nos confins do Norte baiano

   Esse sistema cooperativista é emblemático e têm servido de modelo e de exemplos para outras comunidades baianas, estudos e teses universitárias e tem parcerias com cooperativas do Brasil e do exterior. E que bom que isso tenha acontecido numa das regiões mais carentes do estado e de uma dimensão enorme, a ponto de algumas localidades em povoados e distritos se situarem a 30, 40 ou mais quilômetros das sedes municipais, fica evidente então as dificuldades em logística, em transporte, em disseminações de novas tecnologias onde sequer existe sistemas de energia elétrica e água potável.
   O Festival do Umbu que se encerrou no último domingo e teve a presença do governador Jaques Wagner e outros técnicos do governo, bem como de especialistas de várias partes do país e do exterior, é o evento complementar desse processo que dá visibilidade ao grande projeto que se constituiu esse novo olhar com o umbu.
   É importante que continuemos acreditando e insistindo no sistema de cooperativas, este a cada dia vem se firmando em nosso estado de forma lenta é verdade, mas, já é alguma coisa uma vez que obedecendo aos seus princípios o sistema promove a inclusão social e a distribuição de renda de forma justa entre seus associados buscando minimizar a pobreza e desigualdade social.

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