Vº Festival do Umbu da Coopercuc - Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Curaçá e Uauá - constituída em 2004 e com raízes que remotam o trabalho missionário de três freiras
Retirada dos umbus, um a um,
preservando a planta centenária do sertão da Bahia
No último final de semana aconteceu em Uauá,
cidade situada ao Norte do Estado, o Vº Festival do Umbu da Coopercuc -
Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Curaçá e Uauá -
constituída em 2004 e com raízes que remotam o trabalho missionário de
três freiras, as quais iniciaram um movimento de conscientização sobre a
cultura do umbu, a necessidade de preservação do tupi guarani Ymb-u, a
centenária árvore que dá de beber, e que tem múltiplos aproveitamentos
além da tradicional umbuzada com leite e do ato de chupar a fruta, em
sí.
Com esse trabalho foi se criando uma nova
cultura nessa região pobre do estado, com comunidades rurais que
sobrevivem do pastoreio de cabras e bodes, da mineração rudimentar, do
cultivo familiar de plantas tradicionais - milho, feijão e mandioca - e
que sofre bastante com as freqüentes estiagens. O umbu, cuja safra vai
de dezembro a abril, nativo, resistente, e que aceita o sol como uma
dádiva para ficar ainda mais formoso, mais bonito e produtivo, tornou-se
um elemento agregador de outros produtos nutritivos e com valor
agregado.
Daí nasceu a Coopercuc com 45
associados e foi ganhando espaços em feiras com apoio da Slow Food com
suas geléias, doces e compotas já diversificado com banana com maracujá,
manga e goiaba. É, certamente, a cooperativa mais bem sucedida na
agricultura familiar da Bahia, hoje, atuando em 18 comunidades de vários
municípios envolvendo 450 famílias e a produção da Linha Graveto de
exportação para países da Europa, de doces cremosos, de corte, light,
geléias, compotas e polpas, com produção consolidada de 200 toneladas
para mercados interno e externo.
O Festival é
o espelho, a vitrine, de vendas e de difusão das ações do
cooperativismo. É algo de uma dimensão muito forte com apoio dos
governos municipal, estadual e federal, da Petrobras, BNB, CAR, Sebrae,
outras cooperativas, mídia local, associações de proteção e preservação
da caatinga, grupos ambientalistas e de artesanato, numa dimensão que
reúne em torno de mais de 20 a 30 mil visitantes nos três dias do
evento, numa cidade que dista 450 km da capital e situa nos confins do
Norte baiano
Esse sistema cooperativista é emblemático e têm servido de modelo e de
exemplos para outras comunidades baianas, estudos e teses
universitárias e tem parcerias com cooperativas do Brasil e do exterior.
E que bom que isso tenha acontecido numa das regiões mais carentes do
estado e de uma dimensão enorme, a ponto de algumas localidades em
povoados e distritos se situarem a 30, 40 ou mais quilômetros das sedes
municipais, fica evidente então as dificuldades em logística, em
transporte, em disseminações de novas tecnologias onde sequer existe
sistemas de energia elétrica e água potável.
O Festival do Umbu que se encerrou no último domingo e teve a presença
do governador Jaques Wagner e outros técnicos do governo, bem como de
especialistas de várias partes do país e do exterior, é o evento
complementar desse processo que dá visibilidade ao grande projeto que se
constituiu esse novo olhar com o umbu.
É
importante que continuemos acreditando e insistindo no sistema de
cooperativas, este a cada dia vem se firmando em nosso estado de forma
lenta é verdade, mas, já é alguma coisa uma vez que obedecendo aos seus
princípios o sistema promove a inclusão social e a distribuição de renda
de forma justa entre seus associados buscando minimizar a pobreza e
desigualdade social.
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