segunda-feira, 29 de abril de 2013

Governo do Distrito Federal censura manifestação artística em muro de escola pública

Li esta matéria agora há pouco, transmitida por um amigo querido de Brasília, o Palhaço Ribeirinho, que decidiu abandonar a confortável profissão de Fiscal da rendas do DF, para seguir disseminando o prazer da leitura junto aos povos ribeirinhos da Amazônia, com sua Barca das Letras. Ele está em uma campanha pela defesa da diretora de uma escola pública em São Sebastião, DF, pois o governo do GDF abriu sindicância contra ela. Motivo? Leiam a matéria, ela fala por si. É muito triste ver a metamorfose por que passam algumas pessoas e partidos políticos quando estão no poder. Quem for a favor da democracia, contra a censura e pela livre expressão, por favor, ajude essa valente e justa diretora de escola pública, seja se manifestando, seja compartilhando a notícia.
SEDF abre sindicância e apura pintura no muro de escola em São Sebastião Painéis trazem críticas ao governo e aos políticos do país
A diretora da escola,  Heloísa Moraes: 'Não posso permitir esse 
tipo de imposição, que mensagem estaria passando para os meus alunos?' 
(Edilson Rodrigues/CB/DA Press)
A diretora da escola, Heloísa Moraes: “Não posso permitir esse tipo de imposição, que mensagem estaria passando para os meus alunos?”
A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) abriu sindicância para avaliar a pintura dos muros do Caic Unesco de São Sebastião. Após a primeira audiência para apurar a legalidade dos painéis pintados nos muros da escola, a diretora Heloísa Moraes garante que, se depender dela, as obras continuarão onde estão. Ela responde a sindicância por ter autorizado o Instituto Metamorfose a produzir cinco painéis, dos 105 pintados ao redor da instituição, que fazem críticas à administração pública do DF e aos políticos do país.
Os painéis foram produzidos por iniciativa do Instituto Metamorfose, que oferece cursos gratuitos de arte para jovens carentes de São sebastião. Segundo Alex Moreira, empresário do instituto, os recursos que financiaram as obras provém de doações dos comerciantes locais. “Somos contra a censura. Enviamos cartas ao governador e ao secretário de Educação pedindo que a situação seja reavaliada”, relata.
A diretora Heloísa Moraes é acusada de ter usado recursos públicos para fazer a pintura, de saber previamente o que seria ilustrado nos muros e de ridicularização do patrimônio público. No entanto, ela afirma que a decisão foi tomada no conselho que reúne pais, alunos e professores e que as obras seriam de livre expressão, ou seja, a escola não foi informada antes sobre o teor dos painéis. Apenas cinco deles trazem algum tipo de crítica política. O mais polêmico traz a frase “Não precisamos da educação falida do GDF”. Os demais tratam de outros temas, como meio ambiente e liberdade. “Isso que querem fazer é censura. Em pleno século 21, não posso permitir esse tipo de imposição, que mensagem estaria passando para os meus alunos?”, argumenta Heloísa.
Em nota de esclarecimento, a SEDF informou que apoia e estimula os painéis que explicitam formas artísticas que respeitam o patrimônio público e que tenham finalidade educacional. Para a secretaria, porém, cinco dos painéis pintados no muro do Caic Unesco “retratam cenários controvertidos que desqualificam instituições de forma gratuita e lançam mão de imagens de incontestável mau gosto, não refletindo em nenhum proveito para o processo de desenvolvimento pedagógico promovido pela unidade escolar em que se encontram”. De acordo com a nota, as providências serão tomadas apenas com relação aos cinco painéis, as demais pinturas permanecerão inalteradas.
Ogladia Dias, 26 anos, mãe de um aluno da 3ª série do Caic, aprovou o muro. Ela defende que a escola ficou mais bonita e que a obra tem tudo a ver com a realidade local. “Se os políticos se incomodaram é porque eles estão roubando”, reclama, fazendo referência a um painel sobre desvio de dinheiro público.

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