Li esta matéria agora há pouco, transmitida
por um amigo querido de Brasília, o Palhaço Ribeirinho, que decidiu
abandonar a confortável profissão de Fiscal da rendas do DF, para seguir
disseminando o prazer da leitura junto aos povos ribeirinhos da
Amazônia, com sua Barca das Letras. Ele está em uma campanha pela defesa
da diretora de uma escola pública em São Sebastião, DF, pois o governo
do GDF abriu sindicância contra ela. Motivo? Leiam a matéria, ela fala
por si. É muito triste ver a metamorfose por que passam algumas pessoas e
partidos políticos quando estão no poder. Quem for a favor da
democracia, contra a censura e pela livre expressão, por favor, ajude
essa valente e justa diretora de escola pública, seja se manifestando,
seja compartilhando a notícia.
SEDF abre sindicância e apura pintura no muro de
escola em São Sebastião Painéis trazem
críticas ao governo e aos políticos do país
A diretora da escola, Heloísa Moraes: “Não posso permitir esse tipo de imposição, que mensagem estaria passando para os meus alunos?” |
A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) abriu sindicância
para avaliar a pintura dos muros do Caic Unesco de São Sebastião. Após a
primeira audiência para apurar a legalidade dos painéis pintados nos
muros da escola, a diretora Heloísa Moraes garante que, se depender
dela, as obras continuarão onde estão. Ela responde a sindicância por
ter autorizado o Instituto Metamorfose a produzir cinco painéis, dos 105
pintados ao redor da instituição, que fazem críticas à administração
pública do DF e aos políticos do país.
Os painéis foram produzidos por iniciativa do Instituto Metamorfose,
que oferece cursos gratuitos de arte para jovens carentes de São
sebastião. Segundo Alex Moreira, empresário do instituto, os recursos
que financiaram as obras provém de doações dos comerciantes locais.
“Somos contra a censura. Enviamos cartas ao governador e ao secretário
de Educação pedindo que a situação seja reavaliada”, relata.
A diretora Heloísa Moraes é acusada de ter usado recursos públicos
para fazer a pintura, de saber previamente o que seria ilustrado nos
muros e de ridicularização do patrimônio público. No entanto, ela afirma
que a decisão foi tomada no conselho que reúne pais, alunos e
professores e que as obras seriam de livre expressão, ou seja, a escola
não foi informada antes sobre o teor dos painéis. Apenas cinco deles
trazem algum tipo de crítica política. O mais polêmico traz a frase “Não
precisamos da educação falida do GDF”. Os demais tratam de outros
temas, como meio ambiente e liberdade. “Isso que querem fazer é censura.
Em pleno século 21, não posso permitir esse tipo de imposição, que
mensagem estaria passando para os meus alunos?”, argumenta Heloísa.
Em nota de esclarecimento, a SEDF informou que apoia e estimula os
painéis que explicitam formas artísticas que respeitam o patrimônio
público e que tenham finalidade educacional. Para a secretaria, porém,
cinco dos painéis pintados no muro do Caic Unesco “retratam cenários
controvertidos que desqualificam instituições de forma gratuita e lançam
mão de imagens de incontestável mau gosto, não refletindo em nenhum
proveito para o processo de desenvolvimento pedagógico promovido pela
unidade escolar em que se encontram”. De acordo com a nota, as
providências serão tomadas apenas com relação aos cinco painéis, as
demais pinturas permanecerão inalteradas.
Ogladia Dias, 26 anos, mãe de um aluno da 3ª série do Caic, aprovou o
muro. Ela defende que a escola ficou mais bonita e que a obra tem tudo a
ver com a realidade local. “Se os políticos se incomodaram é porque
eles estão roubando”, reclama, fazendo referência a um painel sobre
desvio de dinheiro público.
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