quarta-feira, 17 de abril de 2013

Conflito entre pai de santo e evangélica acaba na polícia


 
  • Pai e filhos de santo promoveram manifestação de desagravo na porta da 23ª DT
O pai de santo Ricardo Pereira Tavares, de 39 anos, membro do terreiro Lembá, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), diz ter sido vítima de intolerância religiosa e acusa uma evangélica funcionária da lanchonete Casa do Pão de Queijo, localizada dentro de um hipermercado no bairro de Portão, em Lauro de Freitas. O fato, que teria ocorrido por volta das 18h30 da última sexta-feira, 12, foi registrado no  na 23ª Delegacia Territorial (DT).
Liderados por Ricardo Tavares e outros líderes de religiões de origem africana, filhos de santos realizaram, nesta terça, 16, uma manifestação de desagravo na porta da 23ª DT de Lauro de Freitas, após audiência  sobre o conflito entre adeptos do candomblé e da religião evangélica.
A delegada Dilma Leite Nunes, à frente das investigações, disse que um inquérito será instaurado para apurar o caso. "Se for comprovado crime de intolerância religiosa, a acusada poderá cumprir pena de um a três anos de prisão", afirmou a delegada.  O advogado da acusado rebateu as acusações.
Conflito na saudação - No boletim de ocorrência (BO), Tavares relata que, após dar o troco de uma água mineral comprada no local, uma funcionária identificada no BO como Hermeluce dos Santos disse a uma filha de santo que o acompanhava a seguinte frase: "Jesus te ama e quer salvar sua alma".
Segundo Tavares, a  filha de santo  retrucou. "Sílvia respondeu que Oxalá também a amava e que ela deveria respeitar a religião alheia. O problema é que ela abandonou o caixa e foi até o estacionamento gritando que estava combatendo Satanás e que o único Deus era Jesus", afirmou o pai de santo.
"Quero que ela seja punida pelo que ela fez. Vivemos numa sociedade plural. A Constituição garante o livre direito às manifestações de fé e religiosa", declarou Tavares. "Não vou generalizar porque nem todo evangélico é assim. Mas quero uma reparação criminal", ressaltou
Segundo Helinelson Santana, advogado da acusada, sua cliente apenas manifestou uma saudação comum aos evangélicos. "Ela disse que Jesus a amava e fez com que o praticante do candomblé se sentisse ofendido com isso, provocando um grande tumulto no seu local de trabalho, inclusive a ofendendo", disse Santana.
Hermeluce, que estaria como caixa no dia do ocorrido, também não foi localizada. Funcionários da lanchonete se recusaram a falar com a reportagem. Por meio de nota, o estabelecimento informou que vai apurar a denúncia. "Nosso Departamento Jurídico retorna assim que tiver uma posição", disse.

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