O pai de santo Ricardo Pereira Tavares, de 39 anos, membro do terreiro
Lembá, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), diz ter
sido vítima de intolerância religiosa e acusa uma evangélica funcionária
da lanchonete Casa do Pão de Queijo, localizada dentro de um
hipermercado no bairro de Portão, em Lauro de Freitas. O fato, que teria
ocorrido por volta das 18h30 da última sexta-feira, 12, foi registrado
no na 23ª Delegacia Territorial (DT).
Liderados por Ricardo Tavares e outros líderes de religiões de origem
africana, filhos de santos realizaram, nesta terça, 16, uma manifestação
de desagravo na porta da 23ª DT de Lauro de Freitas, após audiência
sobre o conflito entre adeptos do candomblé e da religião evangélica.
A delegada Dilma Leite Nunes, à frente das investigações, disse que um
inquérito será instaurado para apurar o caso. "Se for comprovado crime
de intolerância religiosa, a acusada poderá cumprir pena de um a três
anos de prisão", afirmou a delegada. O advogado da acusado rebateu as
acusações.
Conflito na saudação - No boletim de ocorrência (BO),
Tavares relata que, após dar o troco de uma água mineral comprada no
local, uma funcionária identificada no BO como Hermeluce dos Santos
disse a uma filha de santo que o acompanhava a seguinte frase: "Jesus te
ama e quer salvar sua alma".
Segundo Tavares, a filha de santo retrucou. "Sílvia respondeu que
Oxalá também a amava e que ela deveria respeitar a religião alheia. O
problema é que ela abandonou o caixa e foi até o estacionamento gritando
que estava combatendo Satanás e que o único Deus era Jesus", afirmou o
pai de santo.
"Quero que ela seja punida pelo que ela fez. Vivemos numa sociedade
plural. A Constituição garante o livre direito às manifestações de fé e
religiosa", declarou Tavares. "Não vou generalizar porque nem todo
evangélico é assim. Mas quero uma reparação criminal", ressaltou
Segundo Helinelson Santana, advogado da acusada, sua cliente apenas
manifestou uma saudação comum aos evangélicos. "Ela disse que Jesus a
amava e fez com que o praticante do candomblé se sentisse ofendido com
isso, provocando um grande tumulto no seu local de trabalho, inclusive a
ofendendo", disse Santana.
Hermeluce, que estaria como caixa no dia do ocorrido, também não foi
localizada. Funcionários da lanchonete se recusaram a falar com a
reportagem. Por meio de nota, o estabelecimento informou que vai apurar a
denúncia. "Nosso Departamento Jurídico retorna assim que tiver uma
posição", disse.
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