O tipo étnico do vaqueiro provém do contato do branco colonizador com o índio, durante a penetração do gado nos sertões do Nordeste brasileiro.
O vaqueiro é a figura central de
uma fazenda. Seu trabalho é árduo
e contínuo. Passa grande parte do tempo montado a cavalo percorrendo a
fazenda,
fiscalizando as pastagens, as cercas e as aguadas (fonte, rio, lagoa ou
qualquer manancial existente numa propriedade agrícola).
O maior problema enfrentado pelo
vaqueiro é o da água. Às vezes o
gado tem que ser levado por dezenas de quilômetros até os bebedouros. Na
época
da migração ele tem que conduzir o gado para lugares distantes na ida e
na
volta.Em algumas propriedades a migração sazonal não é necessária, devido a existência próxima de aguadas. Nessas regiões normalmente os cactos são abundantes, como por exemplo no vale do Moxotó, em Pernambuco. Os restolhos do roçados de algodão, feijão, fava e milho
também são usados na alimentação do gado, assim como o caroço de algodão ou ramos da catingueira, do mulungu, da jurema, do angico,mandacaru, palma, sisal que têm que ser podados pelo vaqueiro. Nos anos mais secos, alguns cactos como o mandacaru e o xique-xique precisam ser queimados antes de ser colocados para alimentar os animais. A macambira, além de ser queimada, deve ser ainda picada.
Cabe a ele ainda reunir os
animais nos currais, além de ferrá-los,
ou seja, utilizando um ferro em brasa colocar em cada um a marca do seu
dono.
Uma
das coisas que o caracterizam é o aboio, ao
conduzir o gado para o curral ou na pastagem. Eles aboiam também quando
precisam orientar um companheiro que se perde numa serra, ou se extravia
numa
caatinga.
Lidar com o gado na caatinga
cheia de galhos e espinhos é muito
difícil, por isso o vaqueiro tem que usar uma roupa própria, com
condições de
enfrentá-la e que funcione como uma couraça ou armadura. A vestimenta do
vaqueiro é caracterizada pela predominância do couro cru e curtido,
geralmente,
utilizando-se processos primitivos, o que o deixa da cor de ferrugem,
flexível
e macio (retira-se todo o pelo). Antigamente era usado o couro de veado
catingueiro, mas por causa dessa espécie encontrar-se em extinção,
passou-se a
usar o couro de carneiro e de bode.
A
vestimenta compõe-se de gibão,
pára-peito ou peitoral,
perneiras, luvas, jaleco e chapéu.O gibão é enfeitado com pespontos e fechado com cordões de couro. O pára-peito ou peitoral é seguro por uma alça que passa pelo pescoço. As perneiras que cobrem as pernas do pé até a virilha, são presas na
cintura para
que o corpo fique livre para cavalgar. As luvas cobrem as costas das
mãos,
deixando os dedos livres e nos pés o vaqueiro usa alpercatas ou botinas.
O
jaleco parece um bolero, feito de couro de carneiro, sendo usado
geralmente em
festas. Tem duas frentes: uma para o frio da noite, onde conserva a lã,
outra
de couro liso para o calor do dia. O chapéu protege o vaqueiro do sol e
dos
golpes dos espinhos e dos galhos da caatinga e, às vezes, a sua copa é
usada
para beber água ou comer.
O vaqueiro usa sempre um par de
esporas e nas mãos uma chibata de
couro, indicando que, se não está montado poderá fazê-lo a qualquer
momento.
O
seu Dia Nacional é comemorado anualmente em 20 de julho e a festa
tradicionalmente mais importante para o vaqueiro nordestino é a vaquejada. Em
Pernambuco, celebra-se também, no terceiro domingo de julho, a Missa do Vaqueiro
, uma
homenagem a Raimundo Jacó, vaqueiro assassinado por um companheiro no
município
de Serrita, PE, em maio de 1954.
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