Werther Santana/Estadão
Não é fácil sobreviver de música no Brasil. Que o diga a quase
centenária Izzo, que mantém uma fábrica de acessórios e instrumentos há
quatro gerações no bairro paulistano da Lapa. Espremida entre a
concorrência das grandes marcas e o avanço territorial da produção
chinesa, a pequena empresa familiar se transforma em uma espécie de
caçadora de oportunidades para continuar em evidência.
cia, a Izzo se viu obrigada a diversificar ao
máximo a oferta, ao contrário dos empreendimentos de igual porte e de
outras áreas que apostam no nicho como uma opção para concentrar
esforços, ampliar a competitividade e fugir da disputa com os
representantes externos.
Hoje com 22 marcas (14 delas próprias e outras oito
distribuídas com exclusividade), o empresário Aldo Storino, que está no
comando da empresa desde 1978, e as irmãs Simone e Priscila Storino, que
se preparam para suceder o pai, gerenciam uma cartela de 4 mil
produtos. E minimizam o evidente desconforto de administrar um portfólio
dessas proporções com resultados financeiros anuais que crescem acima
de 15% ao ano.
"Não é fácil cuidar de tantas marcas distintas. Esse é um
desafio que a gente tem enfrentado nos últimos anos. Nós brigamos com
nós mesmos", conta o patriarca Aldo, que espera por um faturamento de R$
60 milhões este ano - resultado 20% maior que o registrado em 2012 e
que, se confirmado, será quatro vezes acima ao contabilizado cinco anos
atrás. "É complicado, mas tem sido (uma estratégia) fundamental para
mudarmos de patamar e quadruplicarmos o faturamento", explica.
Trocando em miúdos, a estratégia da Izzo, que no passado
atuava exclusivamente com acessórios, passa pela importação
principalmente de produtos acabados, como violões, guitarras e baterias.
Para tanto, a empresa de 95 anos fechou parceria com fabricantes
chineses. Eles se encarregam da confecção de oito marcas, dentre elas a
Timbra e a Dolphin, esta última reposicionada no ano passado para
atender a demanda de um novo padrão de consumo.
"A gente identificou uma oportunidade para produtos
intermediários, justamente os que ficam entre a categoria de acesso,
onde a disputa é no preço, e a profissional, que é dominada pelo
equipamento importado. Fomos para a China e desenvolvemos uma linha
completamente nova, guitarras de uma qualidade maior, feitas com o nosso
design", afirma Simone, que também trabalha para fechar contratos de
distribuição exclusiva como as que tem com a Fender, Dunlop, Casio e Vic
Firth.
"A tendência da marca é consolidar as marcas próprias, seja
fabricando ou importando, e depois viabilizar novos contratos de
distribuição", afirma a irmã Priscila, que conta ter investido R$ 200
mil em um centro de distribuição na região da Grande São Paulo. "Os
acessórios ainda nos dão mais dinheiro e nós continuamos e continuaremos
com eles, mas os instrumentos prontos dobraram nosso tíquete médio",
destaca ela, que estima que o valor médio das encomendas saltou de algo
em torno de R$ 750 para atuais R$ 1,5 mil.
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