Da Comissão
Pastoral da Terra - Organizada pelos movimentos sociais populares de Mato
Grosso do Sul, a marcha dos Povos da Terra saiu nsesta segunda (03) de manhã,
de Anhanduí, a 60 km de Campo Grande, com aproximadamente 1000 pessoas. O
objetivo é chegar à capital do estado em quatro dias. A jornada unitária de lutas
em Mato Grosso do Sul quer chamar a atenção para a urgente necessidade da
demarcação das terras indígenas e
quilombolas e a realização da reforma agrária.
A marcha se
realiza num momento histórico e estratégico da luta dos Povos da Terra no Mato
Grosso do Sul, em que os indígenas e em especial o Povo Terena decidiram dar um
basta às mentiras do Estado e do governo brasileiro, à violência incentivada
com o silêncio conivente do governo do estado, inimigo declarado dos povos
indígenas de Mato Grosso do Sul. Em um contexto em que os nativos somam mais um
mártir na luta pela terra e território no Estado, com a morte do índio terena
Oziel Gabriel, durante uma reintegração de posse na Terra Indígena Buriti, na
semana passada.
A marcha dos Povos
da Terra, junto com os estudantes, militantes de sindicatos, entidades e
organismos de defesa dos direitos humanos, é para reivindicar a demarcação das
terras indígenas, titulação e demarcação dos territórios quilombolas e exigir a
reforma agrária que está totalmente parada no Estado.
Além disso, a
marcha tem um caráter político de grande importância por conta que os
movimentos sociais no Estado têm avançado num processo unitário importante,
valorizando a unidade entre indígenas, camponeses e quilombolas, diretamente
enfrentando o agronegócio e latifúndio, a violência e a desterritorialização
provocada pelo agrocapital, sendo as principais vítimas os legítimos donos das
terras nesta parte do país.
O poder econômico
e político, as transnacionais, os governos Federal e Estadual, segundo os
organizadores da jornada de luta, têm usado como o argumento um império
ideológico inserido em frases como: “os indígenas têm que se integrarem à
economia nacional”, falácias como “o desenvolvimento não pode parar”; “reforma
agrária já foi feita, agora precisa melhorar os assentamentos”, etc.
Assim esse mesmo
império, com os mesmos argumentos, defende o indefensável: uma “economia
urbanoide” para esvaziar os campos e as terras e deixá-los nas mãos de
investidores e invasores estrangeiros, das transnacionais da monocultura, dos
agrotóxicos, e das financeiras agropecuárias. E pior de tudo isso é que esses
pacotes devem avançar a qualquer custo, ainda se custar à própria vida, cultura
e os modos peculiares de vida dos indígenas, camponeses e quilombolas,
fundamentalmente. O Tribunal Popular da Terra, um dos organizadores da marcha
tem sido um dos espaços mais importantes nos dois últimos anos desse processo
de articulação, diálogo e unidade dos Povos da Terra no Estado.
A marcha que se
iniciou hoje vai durar quatro dias, sendo que o objetivo, além de dar
visibilidade à problemática fundiária no Estado, dará lugar para momentos de
estudos e formação política dos participantes da marcha, que vem pela BR 163.
Os movimentos sociais do campo entendem que a construção da unidade não é uma
mera retórica de discursos e sim um processo que tem que ser construído e
demonstrado sobre tudo na pratica se for verdadeira.
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