- “É lamentável que, em pleno século 21, os homens ainda ataquem suas mulheres. E isso acontece muito”, lamenta o empresário, que prefere o anonimato.Ele ganhou a proteção da Lei Maria da Penha contra a ex-mulher em 2008 e ainda convive com as sequelas da violência. “Mas assim como as mulheres, em um dado momento, sentiram necessidade de criar meios, leis e entidades para se defender da agressão dos homens, o gênero masculino vive hoje um momento parecido”, diz. “Um momento em que se faz necessária a criação de entidades às quais se possa recorrer para receber orientação, receber apoio”. Leia a entrevista completa com ele, que foi caluniado e perseguido pela ex-mulher, aqui.Juristas e estudiosos divergem quanto ao uso da lei para enquadrar agressorasDivergênciasEntre estudiosos e juristas, a utilização da Lei Maria da Penha para proteger vítimas masculinas não é consenso. “Achamos inadmissível usá-la em favor dos homens”, avalia Ana Teresa Iamarino, do departamento de enfrentamento da violência contra a mulher, da Secretaria Especial de Políticas Para Mulheres, ligada ao governo federal.
Levantamento feito pelo iG
no banco virtual do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão
do MJ, mostra que cerca de dois mil homens são presos anualmente por
agredirem suas parceiras. Em meio ao comportamento violento masculino,
140 mulheres foram detidas nos últimos cinco anos por - nos dizeres da
lei - “causarem morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial” contra pessoas que convivem no mesmo
ambiente familiar.
Interpretação da Lei Maria da
Penha, criada para proteger a vítima de violência doméstica, ainda causa
polêmica: há 140 mulheres presas hoje, enquadradas na lei
Os dados não traçam o perfil das vítimas, o que impossibilita saber quantos são homens e quantos são mulheres entre os agredidos pelas 140 detidas.
Leia também: uma em cada dez brasileiras já apanhou de um homem
O número detecta simplesmente o uso de violência por parte das mulheres. Na outra ponta da agressão, segundo especialistas, estão namorados, noivos e maridos, mas também violentadas em relações homoafetivas, além de filhas, mães e irmãs vitimadas por agressoras.
Cigarro apagado no peito
Todos os ouvidos pela reportagem, incluindo o
empresário C.B, 35 anos, que recorreu à proteção da Lei Maria da Penha
após ser ameaçado de morte e conviver com a cicatriz de um cigarro
apagado no peito pela a ex-mulher, fizeram questão de ressaltar que a
violência perpetrada por uma mulher ainda é minoria.
As estatísticas endossam a prevalência de
homens, já que as encarceradas com base na legislação representam 0,88%
da quantidade de homens penitenciados no período analisado (15.889 no
total). Veja no gráfico abaixo:
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