Alunos de algumas escolas da rede municipal agora têm dois professores
em sala de aula ao mesmo tempo. Tanto eles quantos os professores dizem
que é constrangedor. A situação começou quando o executivo decidiu
publicar decreto que anulava o enquadramento de professores.
Há quase uma semana, uma situação inusitada vem acontecendo na
educação do município de Araci. Algumas escolas da rede municipal de
ensino estão tendo dois professores em sala de aula. Algumas salas do
Centro de Educacional Municipal Oliveira Brito – Cemob, por exemplo,
agora tem dois professores para ministrarem uma única aula, e os alunos
garantem que estão constrangidos, outros afirmam que apreender com dois
professor é mais difícil e teve até quem dissesse que um dos dois
professores fica boa parte do tempo assistindo a aula do outro, o que
seria um desperdício de talento profissional e dinheiro público.
Para chegar a esta situação, voltemos um pouco atrás no início do
atual governo. Em 16 de abril de 2013, alegando irregularidades e de que
o município não tinha vagas para acolher os professores enquadrados com
mais 20 horas, o prefeito Silva Neto publicou um decreto que
determinava a anulação enquadramento.
Sentindo-se prejudicado, em seguida, os professores se manifestaram e
acionaram a justiça. Na época em reunião o professor e ex-diretor do
Cemob Admilson Ferreira, disse ao JFM. “Logo que saiu o Decreto do
Executivo Municipal, procuramos a secretária Manuela da educação e
falamos do nosso descontentamento e deixamos claro que o caminho que
estávamos querendo encontrar seria da concórdia, da diplomacia e da
negociação (…). Tivemos a oportunidade de conversarmos também com o
prefeito Silva Neto e de olho no olho, dissemos-lhe que “não somos
analfabetos culturais” para não nos indignar com uma decisão que venha a
reduzir salários de servidores, o que é ilegal” – (Matéria publicada em 14/02).
Meses depois, a Juíza substituta de Araci, Dra. Dália, anulou o
decreto do executivo reconhecendo a legalidade do enquadramento. Na
decisão, a Juíza impôs ainda que a administração pública municipal
retornassem os professores as suas cargas horárias e a suas unidades de
ensino, como também, o pagamento com efeito retroativo.
No Cemob – o maior colégio da rede municipal, é uma das escolas que é
possível sentir que o efeito do retorno dos professores beneficiados
com a decisão judicial, causou maior impacto. Em toda história dos 46
anos do colégio, essa é a primeira vez que dois professores ocupam ao
mesmo tempo em uma única sala de aula, não por necessidade pedagógica.
Os alunos estranharam a mudança e demostraram serem contra a ideia.
O aluno João Paulo Lisboa do 7º ano matutino tomou iniciativa e
realizou junto com os seus 30 colegas de sala um abaixo assinado
dirigido à Secretaria Municipal de Educação cobrando providencias para
situação. “A gente fica constrangido com dois professores ao mesmo
tempo. Não estávamos acostumando com isso – ele ainda diz que boa parte
do tempo um dos professores fica parado.
Já o aluno Cauily Santos do 7º ano que também assinou o manifesto
disse que dois professores não ajuda no aprendizado. “Com um professor a
gente não aprende imagine com dois”.
No entanto a Secretaria de Educação pensa o contrário, segundo
informou a direção do Cemob. “Nós estamos obedecendo a uma ordem direta
em locar os professores em sala de aula. A Secretaria garante que não
prejudica o aprendizado do aluno” – ressaltou a diretora Serjane,
afirmando que há turnos com muitos alunos em uma só sala, mas a
deficiência de espaço físico não permite dividir em duas turmas.
As professoras Alba e Michele que agora lecionam juntas numa só sala
disseram que estão dividindo tarefa e cumprindo os seus deveres de
educadoras, mas elas garantem que se cada uma estivesse em sua própria
sala o desempenho seria melhor.
O professor Admilson comentou que a presença de outro colega em sua
sala de aula é constrangedor. “Eu tenho o direito de atuação total na
minha sala de aula, não quero me sentir como um estagiário sendo
acompanhado por outro professor em sala”. Para o professor, a desculpa
da administração em dizer que estar atendendo a decisão judicial, mas
que não há vagas, não procede. Segundo ele, existem pessoas que não são
do quadro da educação e estão trabalhando nas escolas. “Tem quase 200
professores que deveriam estar de férias por direito e continua em sala
de aula, isso acaba ocupando as vagas de pessoas do enquadramento” –
afirma.
Na Secretaria de Educação, foi impossível contato com a Secretária
Manuela Teixeira para comentar o fato, apenas chegaram informações que
assim, como os professores e alunos estão preocupados, o poder executivo
também através da secretaria estuda medidas cabíveis para serem tomadas
no intuito de não prejudicar mais os envolvidos.
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